Museus Contemporâneos na Ásia: Doha, Japão e China
Já considerou visitar museus contemporâneos na Ásia em sua próxima viagem?
Os museus costumam ser espaços onde arquitetos tem uma grande liberdade de expressão artística, por isso seus projetos me encantam muito! Na Ásia temos visto projetos de museus contemporâneos que têm se destacado como verdadeiras obras-primas da arquitetura moderna, combinando inovação, funcionalidade e uma profunda conexão com a cultura e história locais.
Neste artigo, selecionei alguns cujo design admiro localizados em Doha, no Japão e na China, e convido você a pesquisá-los se estiver planejando ou se já estiver de viagem marcada para esses países.
Doha
Museu Nacional do Qatar
O Museu Nacional do Qatar, localizado em Doha, é uma das obras mais impressionantes do arquiteto francês Jean Nouvel. Inaugurado em 2019, o museu é uma celebração da história e da cultura do Qatar, e seu design inovador reflete a paisagem natural do deserto.
Jean Nouvel se inspirou nas formações geológicas conhecidas como “rosas do deserto” para criar a estrutura do museu. O edifício é composto por uma série de discos interconectados, que se sobrepõem e se entrelaçam de maneira intrincada, criando uma sensação de movimento e fluidez. A fachada do museu é revestida de concreto branco, o que confere uma aparência leve e etérea à construção.
O interior do Museu Nacional do Qatar é igualmente impressionante, com amplos espaços expositivos e galerias que se estendem por quase 52.000 metros quadrados. As exposições são organizadas de maneira a contar a história do Qatar, desde suas origens geológicas até seu desenvolvimento contemporâneo. A combinação de elementos arquitetônicos inovadores e uma curadoria cuidadosa faz do Museu Nacional do Qatar um destino imperdível para qualquer amante da arquitetura e da cultura.
Museu de Arte Islâmica de Doha
O Museu de Arte Islâmica de Doha é uma das obras mais icônicas do renomado arquiteto I. M. Pei. Inaugurado em 2008, o museu está localizado em uma ilha artificial na baía de Doha e se destaca por sua arquitetura impressionante e suas coleções ricas e variadas.
I. M. Pei, conhecido por suas obras modernistas, incorporou elementos da arquitetura islâmica tradicional ao design do museu, criando um edifício que é ao mesmo tempo moderno e atemporal. A estrutura é composta por uma série de volumes geométricos, que se sobrepõem e criam uma sensação de profundidade e complexidade. A fachada do museu é revestida de pedra calcária, que confere uma aparência elegante e sofisticada à construção.
O interior do Museu de Arte Islâmica de Doha é igualmente impressionante, com amplos espaços expositivos e galerias que abrigam uma vasta coleção de arte islâmica, incluindo cerâmicas, têxteis, manuscritos e objetos decorativos. As exposições são organizadas de maneira a destacar a diversidade e a riqueza da cultura islâmica, proporcionando aos visitantes uma experiência educativa e inspiradora.
Japão
Museu de Arte Contemporânea de Tóquio
O Museu de Arte Contemporânea de Tóquio, localizado no distrito de Koto, é um exemplo notável da arquitetura contemporânea no Japão. Inaugurado em 1995, o museu foi projetado pelo arquiteto Takahiko Yanagisawa, do estúdio de arquitetura Nihon Sekkei, e se tornou um marco cultural e artístico na cidade.
O design do museu é caracterizado por suas linhas limpas e modernas, com uma fachada de vidro que permite a entrada de luz natural e oferece vistas panorâmicas da cidade. O edifício é dividido em várias galerias e espaços expositivos, que são conectados por corredores amplos e iluminados. A disposição dos espaços internos foi cuidadosamente planejada para proporcionar uma experiência imersiva e envolvente aos visitantes.
A arquitetura do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio reflete a combinação de tradição e inovação que caracteriza a cultura japonesa. O uso de materiais modernos, como vidro e aço, é equilibrado com elementos tradicionais, como jardins zen e espaços de contemplação, criando um ambiente que é ao mesmo tempo contemporâneo e atemporal.
Museu de Arte Mori
O Museu de Arte Mori, localizado no coração de Tóquio, é uma obra-prima da arquitetura contemporânea projetada por Kohn Pedersen Fox Associates (projeto de toda a torre). Inaugurado em 2003, o museu está situado no 53º andar da Torre Mori, no bairro de Roppongi Hills.
O design do Museu de Arte Mori é caracterizado por sua estética moderna e minimalista, utilizando grandes aberturas de vidro estrategicamente posicionadas, maximizando a entrada de luz e criando uma conexão visual cativante com o entorno urbano. Seu interior é organizado de maneira a criar um fluxo contínuo entre os espaços expositivos, proporcionando uma experiência envolvente e imersiva aos visitantes.
As exposições do Museu de Arte Mori focam principalmente em arte contemporânea internacional, com destaque para instalações, esculturas e obras multimídia. Ao invés de possuir uma coleção permanente extensa, o museu é conhecido por suas mostras temporárias de grande impacto, que apresentam trabalhos de artistas renomados de todo o mundo. Essa abordagem permite que a programação se mantenha dinâmica e conectada às tendências globais da expressão artística.
Além das exposições, o museu organiza eventos culturais como palestras, performances e workshops, criando um ambiente vibrante de criatividade e reflexão. A união entre arte e localização faz do Museu de Arte Mori um espaço único, onde os visitantes podem apreciar obras inovadoras enquanto contemplam as vistas da cidade ao seu redor.
Museu de Arte de Osaka
O Museu de Arte de Osaka, localizado na cidade de Osaka, no Japão, é um exemplo notável da arquitetura contemporânea na Ásia. Projetado pelo escritório japonês Nikken Sekkeii, foi inaugurado em 2001 e se tornou um marco cultural e arquitetônico na cidade.
O design do Museu de Arte de Osaka é caracterizado por sua forma ousada e moderna. A estrutura principal do museu está parcialmente subterrânea, com três dos seus cinco andares situados abaixo do solo. Isso permite que o museu se integre harmoniosamente ao ambiente urbano, criando um espaço que é ao mesmo tempo discreto e impressionante. A entrada do museu é marcada por uma impressionante estrutura de vidro e aço, que se eleva do solo e atrai visitantes com sua aparência futurista.
O interior do museu é composto por amplas galerias e espaços expositivos que abrigam uma coleção diversificada de obras de arte moderna e contemporânea. As exposições incluem pinturas, esculturas, instalações e fotografias de artistas japoneses e internacionais, destacando a diversidade e a riqueza da arte contemporânea. Cada galeria foi projetada com atenção ao fluxo e à iluminação, criando um ambiente que valoriza tanto o diálogo com a arte quanto a experiência contemplativa do visitante.
Além das exposições permanentes, o Museu de Arte de Osaka também organiza mostras temporárias e eventos culturais, atraindo um público diversificado e promovendo o intercâmbio cultural. Esses eventos incluem palestras, workshops e performances que enriquecem a programação do museu e fortalecem seu papel como um centro dinâmico de criação e expressão artística.
O Museu de Arte de Osaka demonstra como elementos modernos, como estruturas subterrâneas e materiais inovadores, podem ser utilizados para estabelecer um diálogo com o ambiente urbano, proporcionando um equilíbrio entre tradição e progresso.
China
Museu de Arte de Guangdong
O Museu de Arte de Guangdong, localizado na cidade de Guangzhou, foi concebido por uma equipe de arquitetos chineses, inaugurado em 1997 e, desde então, se tornou um importante centro cultural e artístico na região.
O design do Museu de Arte de Guangdong é caracterizado por suas linhas modernas e elegantes, com uma fachada de vidro e concreto que cria um contraste visual interessante. O edifício é dividido em várias galerias e espaços expositivos, que são organizados em torno de um pátio central. Esse pátio serve como um espaço de transição entre o exterior e o interior, proporcionando uma sensação de abertura e luminosidade.
As galerias do Museu de Arte de Guangdong abrigam uma grande coleção de obras de arte chinesa e internacional, incluindo pinturas, esculturas, instalações e fotografias. As exposições são organizadas de maneira a destacar a diversidade e a riqueza da arte contemporânea, promovendo o intercâmbio cultural e o diálogo entre diferentes tradições artísticas.
Além das exposições, o Museu de Arte de Guangdong também oferece uma programação variada de eventos culturais, como palestras, workshops e performances. Esses eventos atraem um público diversificado e fortalecem o papel do museu como um centro dinâmico de criação e expressão artística.
Museu M+
Assim como os outros museus citados, o M+ reforça a importância da constante inovação no cenário artístico. Localizado em Hong Kong, ele é uma das mais recentes adições ao cenário cultural da cidade.
Projetado pelos renomados arquitetos suíços Herzog & de Meuron em colaboração com o estúdio britânico TFP Farrells e os engenheiros da Arup, foi inaugurado em 2021 e se destaca por sua arquitetura inovadora e suas coleções de arte contemporânea e visual.
O design do Museu M+ é marcado por uma estrutura horizontal robusta e um volume vertical imponente. Sua fachada combina vidro com painéis de cerâmica verde, conferindo textura e identidade ao edifício.
Essa escolha reflete uma abordagem que une materiais tradicionais e contemporâneos, garantindo durabilidade e integrando o espaço ao ambiente urbano de Hong Kong. Com um layout que combina áreas expansivas e recantos introspectivos, o design do museu convida os visitantes a explorar as obras de forma intuitiva e imersiva.
Diferente de instituições que focam exclusivamente em arte visual tradicional, o Museu M+ possui um acervo diversificado que engloba arquitetura, design, cinema e arte digital. Suas exposições exploram intersecções entre diferentes expressões artísticas e capturam as influências socioculturais que moldam o cenário contemporâneo.
A curadoria aposta em uma abordagem dinâmica, renovando constantemente a programação para oferecer experiências imersivas e contextuais, conectando os visitantes a temas globais e locais de maneira inovadora.
Conclusão
A criação de museus como os mencionados aqui transcende o simples ato de abrigar arte. Aliás, até mesmo o conceito da arte abrigando a arte. Esses espaços são verdadeiros catalisadores de transformação cultural, funcionando como pontes entre o passado, o presente e o futuro – o que, para mim, em essência, é mesmo a função esperada.
Em cada um desses espaços, vemos a concretização de diálogos que rompem fronteiras geográficas e culturais, convidando visitantes de todas as partes do mundo a refletirem sobre a interconexão de ideias e histórias.
Além disso, também representam um esforço coletivo para preservar e reinterpretar o que significa arte no mundo contemporâneo. Em tempos de rápidas transformações sociais e tecnológicas, eles nos oferecem uma pausa – um lugar onde a contemplação, a criatividade e o intercâmbio podem florescer. E nos lembram que a arquitetura e a arte têm o poder de nos reconectar com nossa própria humanidade.
A riqueza de cada espaço não está apenas nas obras que abrigam ou nos projetos arquitetônicos que os moldam, mas na experiência única que oferecem a cada visitante. Não importa o quanto o mundo evolua, a essência desses museus continuará a ser a celebração do espírito humano em todas as suas formas. Visitar esses lugares é um convite a descobrir, questionar e, acima de tudo, sentir.