Você já considerou viajar para ter a experiência de visitar estúdios de arquitetura e suas obras?
Seja na sua própria cidade ou em viagens, explorar estúdios de arquitetura e até mesmo suas obras através de visitas guiadas são oportunidades inestimáveis para estudantes que desejam aprender in loco, se inspirar em ambientes profissionais reais e ter a chance de se conectar com colegas de profissão experientes.
Não são todos os escritórios que abrem suas portas, mas, se for possível para você aproveitar uma experiência dessas, considere fazê-lo, seja no Brasil ou no exterior. Acredito que essas visitas podem ser transformadoras e empolgantes, oferecendo uma visão da realidade que o aluno não consegue ter dentro do ambiente da faculdade.
Já as visitas guiadas em obras costumam ser mais fáceis de agendar. Alguns locais, inclusive, já oferecem naturalmente esse serviço com um guia local. Já em outros, a dica é tentar organizar grupos e falar diretamente com os profissionais – falarei sobre isso mais a diante compartilhando com você a minha própria experiência.
Benefícios das Visitas Guiadas a Estúdios de Arquitetura
Essa modalidade de visita guiada proporcionando um vislumbre da realidade diária que o estudante encontrará em seu caminho no futuro. Observar os processos criativos e técnicos de profissionais experientes oferece uma compreensão aprofundada de como os projetos são concebidos e desenvolvidos.
Durante essas visitas, os estudantes têm a oportunidade de ver projetos em diferentes estágios de desenvolvimento, desde as primeiras ideias e esboços até a execução final. Essa experiência direta é fundamental para entender as complexidades e desafios do trabalho arquitetônico e do atendimento ao cliente, além de fornecer exemplos concretos de como aplicar teorias e técnicas aprendidas nos estudos acadêmicos.
Outro grande benefício das visitas guiadas é a inspiração e a criatividade que elas podem despertar. Estar imerso em um ambiente de trabalho real e ver de perto projetos exemplares e por vezes disruptivos estimula a mente e abre espaço para novas ideias e abordagens.
Durante essas visitas é possível ver, ainda que de maneira breve, como os profissionais abordam desafios de design e utilizam diferentes materiais softwares. Essa exposição a diferentes estilos e metodologias pode inspirar você, estudante, a experimentar novas técnicas e a pensar fora da caixa em seus próprios projetos.
O networking e as oportunidades profissionais podem ser aspectos importantes das visitas guiadas a estúdios de arquitetura. Conectar-se com profissionais experientes e estabelecer contatos no setor pode abrir portas para estágios, colaborações e futuras oportunidades de emprego.
É preciso cuidar apenas para não atrapalhar a rotina de quem está projetando, já que isso pode ser malvisto e pode queimar a sua imagem entre os profissionais. Mas, se houver a oportunidade, aproveite para conversar com alguns membros do escritório. Essas interações proporcionam um entendimento mais profundo não somente do mercado de trabalho, mas também das expectativas dos empregadores.
Como Planejar uma Visita Guiada a um Estúdio de Arquitetura
Planejar uma visita guiada a um estúdio de arquitetura começa com uma pesquisa detalhada sobre os estúdios que mais despertam seu interesse. Identifique estúdios conhecidos por seus projetos inovadores e que estejam abertos a receber estudantes.
Verificar a disponibilidade de visitas guiadas é essencial, pois alguns estúdios podem ter restrições de horários ou exigências específicas para agendamento. Analisar o histórico do estúdio e seus projetos mais notáveis também ajudará a selecionar aquele que mais se alinha aos seus interesses e objetivos acadêmicos.
Considere que alguns escritórios conhecidamente permitem visitas, mas isso não impede que você contate por conta própria outros escritórios cujos trabalhos você admira e que aparentam não permitir esse tipo de atividade.
Isso porque algumas empresas preferem que essas visitas sejam feitas em grupos para facilitar a organização e a disponibilização de um acompanhante, que será, naturalmente, deslocado de suas obrigações rotineiras. Nesse sentido, o próprio escritório pode ser o responsável por agendar essas visitas ou você pode considerar juntar-se a um grupo de colegas da faculdade para montar uma programação específica.
Porém, tenha em mente que outras empresas podem considerar grupos um inconveniente, já que alguns ambientes podem ser pequenos e o acúmulo de pessoas pode gerar tumulto e distrair os funcionários, ao passo que receber uma única pessoa em um dia tranquilo pode ser viável. Nesse caso, seu benefício acaba sendo ainda maior, já que terá atenção exclusiva e muito mais espaço para conversa.
Preparar-se para a visita envolve conhecer os projetos mais importantes e levar perguntas que você gostaria de abordar com os profissionais do estúdio, mas tenha em mente que pode ser que não haja espaço para isso, assim você evita maiores frustrações.
Estar bem preparado demonstra seu interesse e comprometimento, além de permitir que você aproveite ao máximo a oportunidade de aprendizado. Anote suas impressões sobre os projetos, técnicas observadas e quaisquer ideias que possam ser úteis para seus estudos e futuros projetos.
Estúdios de Arquitetura para Visitar em Cidades Europeias
A Europa abriga alguns dos mais importantes escritórios de arquitetura do mundo. Se você puder, tente incluir algum ou alguns deles em seu roteiro de viagem. Vou deixar algumas sugestões a seguir, mas, lembre-se, não é preciso se limitar a essa lista, arrisque contatar aqueles que mais fizerem sentido para você:
Londres, Reino Unido
- Foster + Partners
- Zaha Hadid Architects
Paris, França
- Ateliers Jean Nouvel
- Renzo Piano Building Workshop
Barcelona, Espanha
- RCR Arquitectes
- Miralles Tagliabue EMBT
Roterdã, Países Baixos
- OMA (Office for Metropolitan Architecture)
- MVRDV
Berlim, Alemanha
- Daniel Libeskind Studio
- GRAFT
Benefícios das Visitas Guiadas às Obras de Arquitetos e Paisagistas
Visitar obras por conta própria já proporciona uma vivência significativa do espaço, já que você poderá sentir na sua própria pele os efeitos de texturas, ventos, luz e sombra, calor e frescor, além de sentimentos como acolhimento, arrebatamento, encanto, sensação de ser muito pequeno, melancolia, austeridade, vontade de tocar em alguma superfície, de explorar uma trilha misteriosa, vontade de morar naquele espaço (quem nunca?), vontade de deitar no piso ou na grama por algumas horas, vontade de colher frutos do pé… Bons arquitetos sabem traduzir tudo isso e muito mais em suas obras!
Já quando você tem a oportunidade de ter um guia te acompanhando e contando a história do local e das pessoas, sua experiência se expande ainda mais e tudo passa a ganhar um sentido ainda mais profundo.
O tipo mais comum de visita guiada envolve ou guia por áudio gravado ou um guia local, como é comum em museus, por exemplo. Esse tipo de experiência você pode encontrar, por exemplo, na primeira casa e estúdio de Frank Lloyd Wright. Se estiver planejando uma viagem para os Estados Unidos, tente encaixar essa experiência no seu roteiro!
No entanto, quero trazer uma dica diferente: durante a faculdade eu tive a oportunidade de fazer visitas guiadas com os arquitetos criadores de algumas das mais icônicas obras de São Paulo e te garanto que é uma experiência completamente diferente e incrível!
Como isso é possível? Bom, se você é estudante, existem duas formas de você conseguir participar desse tipo de visita, que não é disponibilizada para o público comum. Uma dessas maneiras é aproveitar seus professores, inclusive professores de outras turmas, para fazer essa proposta.
Durante meu período da faculdade, pude visitar tanto o Centro Cultural Vergueiro com o arquiteto Luis Telles quanto a Sala São Paulo com o arquiteto Nelson Dupret, responsável pela grande reforma pela qual ela passou. Com um deles eu tive aulas diretamente. Com o outro, soube que o professor faria a visita com seu grupo de alunos de projeto e, como eram pocas pessoas, ele permitiu que eu me juntasse ao grupo.
Durante a visita ao Centro Cultural, pude descobrir detalhes do projeto original que nunca saíram do papel, para tristeza do Telles. Ele contou como o projeto poderia ser melhor e como foram as decisões que afetaram a qualidade final da obra – dentre elas, motivações financeiras. Esse tipo de experiência mostra ao aluno situações que ele enfrentará com seus futuros clientes.
Já na visita à Sala São Paulo, pudemos andar até mesmo nas passarelas mais altas, acima dos forros móveis – o tipo de bastidores que nos fascinam e que jamais seriam possíveis para visitantes comuns, ainda que em visita guiada oferecida pela própria Sala São Paulo.
Para esse tipo de situação que descrevi acima, tanto o professor pode oferecer a oportunidade quanto os alunos podem sugerir.
Tive também a oportunidade de visitar o Parque da Juventude com a arquiteta paisagista Rosa Kliass. Foi incrível saber mais sobre como ela e o restante da equipe repensaram a paisagem de um local que antes era de sofrimento, inserindo pequenas homenagens à história transformada, bem como entender as soluções de baixo custo que foram utilizadas em uma obra pública.
E aqui entra a segunda estratégia que quero te ensinar: o diretório acadêmico criou um programa de visitas desse tipo e convidou profissionais que não pertenciam ao corpo docente da faculdade. A visita com a Rosa foi fruto dessa iniciativa.
Acredito fortemente que não necessariamente essa organização precisa vir do diretório acadêmico, mas um grupo bem organizado demonstra ao profissional, cujo tempo é valioso, que os alunos estão valorizando a experiência e que vale a pena se envolver em uma atividade diferente, monitorando e transmitindo o seu legado a um dia de aprendizados em campo.
Caso você tente, mas encontre dificuldades, considere que os próprios professores da faculdade podem fazer a ponte com algumas dessas personalidades, já que muitas vezes existe algum grau de relacionamento entre esses profissionais.
Dicas para Aproveitar ao Máximo as Visitas Guiadas
Dica essencial: engaje-se ativamente nas atividades e interações. Essa participação ativa não apenas enriquecerá seu aprendizado, mas também permitirá que você se destaque e seja lembrado pelos profissionais. Além disso, a interação com os colegas visitantes pode levar a trocas de ideias e experiências que são igualmente valiosas.
Se você estiver viajando, explorar a cidade onde o estúdio está localizado é uma oportunidade adicional de aprendizado e inspiração, afinal, os bons projetos sempre levam em consideração a dinâmica, a paisagem e a cultura local.
Aproveite para visitar marcos arquitetônicos variados, museus e exposições relacionadas à arquitetura. Mas não limite-se a esse campo e busque também experiências diferentes relacionadas às artes complementares, como música, dança e teatro, o que vai ajudar a ampliar seu repertório e oferecer novas perspectivas que podem influenciar positivamente seu trabalho. Para um arquiteto, designer ou paisagista, repertório é tudo!
Conclusão
Abrir-se para essas experiências que vão muito além das portas da faculdade é extremamente importante e especial, embora, infelizmente, seja uma estratégia de estudos pouco usual. Eu recomendo fortemente e tenho lembranças muito carinhosas do contato com profissionais tão relevantes, que transbordaram tanto conhecimento e amor pelo que fazem!
Espero que este artigo tenha inspirado você a considerar participar ou até mesmo criar oportunidades exclusivas e diferenciadas de aprendizado como essas. Deixe nos comentários se você sentiu vontade de tentar alguma dessas alternativas. Te desejo boa sorte em seus passeios e estudos!