Já Considerou Estudar Paisagismo ou Arquitetura no Exterior?
Escolher estudar paisagismo ou arquitetura no exterior é uma decisão que combina aprendizado acadêmico com experiências culturais inesquecíveis.
Nesse artigo te apresento algumas das principais instituições ao redor do mundo e alguns detalhes como a duração dos cursos e o processo de inscrição, além de informações essenciais para quem deseja se especializar nessas áreas, visando te ajudar a pensar nesse assunto e a aprofundar as suas pesquisas futuras. Considerei principalmente cursos de graduação, pós-graduação e mestrado.
Principais Destinos e Instituições para Estudo
Estados Unidos
Nos EUA, diversas universidades de renome internacional oferecem cursos de paisagismo e arquitetura. Entre elas estão:
Harvard Graduate School of Design (GSD)
Curso: Master in Landscape Architecture (MLA)
Duração: 2 a 3 anos, dependendo do histórico acadêmico do aluno.
Processo de Inscrição: O candidato deve apresentar um portfólio abrangente, cartas de recomendação, histórico acadêmico traduzido para o inglês e um resultado de testes de proficiência como TOEFL ou IELTS. A inscrição é feita diretamente pelo site da universidade, geralmente entre setembro e dezembro para ingresso no ano seguinte.
Massachusetts Institute of Technology (MIT)
Curso: Master of Architecture (M.Arch)
Duração: 3 anos para alunos sem formação prévia em arquitetura; 2 anos para aqueles com formação.
Processo: Similar ao da GSD, com maior ênfase na interdisciplinaridade dos projetos apresentados no portfólio.
Reino Unido
University College London (UCL) – Bartlett School of Architecture
Curso: MArch Urban Design
Duração: 12 meses em período integral.
Processo de Inscrição: Inclui envio de portfólio, declaração de propósito e comprovação de proficiência em inglês (mínimo de 6.5 no IELTS). O programa destaca design urbano com foco em sustentabilidade.
Architectural Association (AA)
Curso: Diploma in Architecture
Duração: 2 anos (pós-graduação).
Processo: Envolve entrevista, avaliação do portfólio e inscrição direta no site da AA.
Espanha
Universidade Politécnica de Valência (UPV)
Curso: Grado en Paisajismo
Duração: 4 anos (graduação).
Processo de Inscrição: O estudante brasileiro deve validar seu diploma de ensino médio na Espanha, cumprir exigências linguísticas (DELE B2 para espanhol) e acompanhar prazos de inscrição divulgados no site da instituição.
Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB), da Universidade Politécnica da Catalunha
Curso: Master in Landscape Architecture (MBLandArch)
Duração: 2 anos.
Processo: Portfólio, comprovação de experiência prática na área e domínio do inglês ou espanhol são exigidos.
França
École Nationale Supérieure de Paysage (ENSP) – Versailles
Curso: Diplôme de Paysagiste DPLG
Duração: 5 anos (incluindo graduação e mestrado integrado).
Processo: Requer submissão de dossiê acadêmico, portfólio e, em alguns casos, uma entrevista. O curso é ministrado principalmente em francês.
École Spéciale d’Architecture (ESA), Paris
Curso: Bachelor and Master of Architecture
Duração: 3 anos (bacharelado) e 2 anos (mestrado).
Processo: Inscrição com envio de portfólio, entrevista e demonstração de habilidades em francês (DELF ou DALF).
Portugal
Universidade de Lisboa – Instituto Superior de Agronomia
Curso: Mestrado em Arquitetura Paisagista
Duração: 2 anos.
Processo: Envio de candidatura online, histórico acadêmico e certificado de proficiência em português
Universidade do Porto – Faculdade de Arquitetura (FAUP)
Curso: Mestrado Integrado em Arquitetura
Duração: 5 anos (graduação e mestrado integrado).
Processo: Envolve inscrição no site da universidade e apresentação de certificados acadêmicos traduzidos.
Austrália
University of Melbourne
Curso: Master of Landscape Architecture (com forte integração entre ecologia urbana e paisagismo).
Duração: De 2 a 3 anos, dependendo da formação anterior do aluno.
Processo: Exige portfólio, cartas de recomendação e resultados de testes como IELTS.
Canadá
University of Toronto
Curso1: Bachelor of Landscape Architecture (BLA) – programa de 4 anos.
Curso 2: Master of Landscape Architecture – dura 2 anos.
Ambas as opções combinam teoria e prática, com grande ênfase em sustentabilidade.
Processo: Inclui portfólio e comprovação de proficiência no idioma.
Países Baixos
TU Delft
Curso: Master in Landscape Architecture and Planning (focado em soluções urbanas e ambientais inovadoras).
Duração: 2 anos.
Processos: Os candidatos brasileiros devem apresentar histórico escolar, portfólio e certificados de proficiência.
Moradia e Custos de Vida
Acomodação Universitária
Muitas universidades oferecem residências estudantis no campus ou em áreas próximas. Essa opção é vantajosa por reduzir deslocamentos, além de proporcionar maior integração com outros estudantes.
Por exemplo, na Harvard Graduate School of Design, há opções de dormitórios no campus em Cambridge, com quartos individuais ou compartilhados e áreas comuns para estudo e convivência. Já a University of Melbourne oferece residências estudantis com acesso a áreas de lazer e cozinhas compartilhadas.
Apartamentos Compartilhados
Estudantes que preferem maior liberdade e privacidade podem optar por alugar apartamentos compartilhados com outros alunos. Esse modelo é bastante comum em cidades como Londres, Paris e Amsterdã, onde o custo de vida é elevado. Sites como ErasmusU e HousingAnywhere são úteis para encontrar acomodações desse tipo.
Homestay
Programas de homestay permitem que estudantes vivam com famílias locais, o que pode ser uma forma econômica e culturalmente rica de se adaptar. Esta é uma opção popular em países como Austrália e Canadá, especialmente para alunos de cursos técnicos ou de curta duração.
Custos de Vida
Estados Unidos
O custo de vida varia conforme a localização. Boston e Cambridge, onde ficam Harvard e MIT, têm um custo elevado, com despesas mensais girando em torno de US$ 2.000 a US$ 3.000. Isso inclui moradia, alimentação, transporte e outros gastos pessoais.
Reino Unido
Londres é uma das cidades mais caras do mundo, com despesas mensais que podem ultrapassar £2.000. Entretanto, cidades menores como Manchester e Birmingham oferecem custos mais acessíveis, girando em torno de £1.200 por mês.
Austrália
Melbourne tem custos de vida mensais entre AUD 1.500 e AUD 2.500. O transporte público é eficiente e relativamente barato, enquanto alimentos e acomodação podem ser mais caros.
Espanha
Barcelona e Valência têm custos de vida mais baixos em comparação aos países mencionados acima, variando entre €900 e €1.500 por mês, dependendo do tipo de acomodação escolhida.
França
Paris tem custos elevados, com despesas mensais chegando a €2.000. No entanto, cidades menores como Lyon ou Toulouse são mais acessíveis, com custos girando em torno de €1.200.
Portugal
Lisboa e Porto são cidades relativamente acessíveis. Estudantes podem viver confortavelmente com €800 a €1.200 por mês, incluindo aluguel, alimentação e transporte.
Dicas para Reduzir Custos
Bolsas de Estudo: Muitos países oferecem bolsas para estudantes internacionais, como o programa Erasmus Mundus na Europa.
Trabalho Estudantil: Alguns países permitem que estudantes internacionais trabalhem meio período, o que ajuda a financiar despesas
Adaptação à Cultura e Ambiente
Imersão Cultural
Participar de grupos estudantis e eventos acadêmicos é uma excelente forma de conhecer pessoas e se integrar à cultura local. Por exemplo, a TU Delft organiza workshops e visitas a locais históricos de urbanismo e paisagismo na Holanda.
Idioma
Embora muitos programas sejam ministrados em inglês, é recomendável aprender o idioma local para facilitar a comunicação e enriquecer a experiência cultural
Saúde e Bem-Estar
Pesquise sobre os sistemas de saúde locais e adquira seguros médicos adequados. Universidades geralmente oferecem suporte psicológico e clínico para seus estudantes.
Preparativos e Expectativas para Estudar Paisagismo ou Arquitetura no Exterior
Para quem está planejando uma formação em arquitetura ou paisagismo fora do Brasil, fique atento a detalhes importantes antes da sua inscrição.
O Processo de Inscrição
O processo de inscrição nas universidades internacionais geralmente exige planejamento detalhado e cumprimento de prazos específicos. Aqui está uma visão aprofundada dos passos a seguir:
Portfólio: Este é um dos itens mais importantes no processo de candidatura. O portfólio deve incluir trabalhos relevantes que demonstrem a criatividade, habilidades técnicas e o pensamento crítico do candidato. Projetos independentes, trabalhos acadêmicos e colaborações podem ser incluídos.
Documentação Acadêmica: Universidades exigem o histórico escolar traduzido oficialmente para o idioma do curso. Graduações internacionais também podem pedir um certificado de equivalência educacional, como o “credential evaluation” nos Estados Unidos.
Testes de Proficiência: A maioria das universidades exige comprovação do domínio do idioma de instrução, por meio de testes como TOEFL, IELTS, DELF ou DALF.
Carta de Motivação: Universidades como a Architectural Association ou a École Spéciale d’Architecture têm grande interesse na visão e nos objetivos acadêmicos do candidato. Uma carta bem escrita pode ser determinante para a aprovação.
Entrevista: Algumas instituições, especialmente no Reino Unido e na França, utilizam entrevistas para avaliar a personalidade e os conhecimentos do candidato.
Por fim, a dica de ouro que parece básica, mas, acredite, muitos alunos pecam aqui: não perca prazos!
O Currículo e o Enfoque Acadêmico
Cada instituição tem uma abordagem única em relação aos seus programas de paisagismo e arquitetura. Aqui estão algumas:
Harvard Graduate School of Design: O curso de Master in Landscape Architecture foca na interseção entre design ambiental e tecnologia avançada. Durante os 2 a 3 anos de duração, os alunos exploram soluções sustentáveis para ambientes urbanos e naturais.
University of Melbourne: O programa Master of Landscape Architecture enfatiza a ecologia urbana e o planejamento de espaços públicos. O curso integra estudos teóricos e práticos, incluindo visitas de campo e projetos comunitários.
Universidade Politécnica de Valência: O programa Grado en Paisajismo explora o design sustentável e a restauração de ecossistemas naturais. É ideal para estudantes interessados em integrar ciência e arte na prática paisagística.
Adaptando-se à Vida Acadêmica e Cultural no Exterior
Adaptar-se a um novo país envolve superar desafios específicos que vão além de aspectos acadêmicos. Aqui estão algumas questões práticas e estratégicas:
Integração Acadêmica
Metodologias de Ensino Diferenciadas: Universidades estrangeiras costumam utilizar métodos mais interativos e baseados em projetos práticos. Em programas como o Master of Landscape Architecture da Harvard GSD, os alunos frequentemente participam de ateliês intensivos em grupo e recebem críticas de jurados internacionais ao final de cada projeto.
Preparação Acadêmica Prévia: Instituições como a TU Delft oferecem cursos online introdutórios para alunos admitidos, garantindo que eles estejam alinhados com os padrões exigidos já no primeiro dia de aula.
Bibliotecas e Recursos Digitais: Ao chegar, familiarize-se com recursos como bibliotecas virtuais e laboratórios especializados. Muitos programas de arquitetura e paisagismo incluem acesso a softwares de última geração, como AutoCAD, GIS e Rhino.
Imersão Cultural e Pessoal
Programas de Mentoria: Universidades como a University of Melbourne e a UCL oferecem programas de mentoria entre alunos locais e internacionais. Isso permite que novos alunos tenham apoio na adaptação ao cotidiano acadêmico e cultural.
Voluntariado Local: Participar de iniciativas sociais ou ambientais pode ser uma forma de mergulhar na cultura local e fazer conexões importantes. Por exemplo, muitos estudantes da TU Delft se envolvem em projetos de recuperação de áreas urbanas degradadas na Holanda.
Apoio à Saúde Mental: Instituições como a University of Toronto mantêm equipes dedicadas ao suporte psicológico, com profissionais especializados em lidar com os desafios de adaptação enfrentados por estudantes internacionais.
Perspectivas de Carreira e Oportunidades no Exterior
Construir uma carreira sólida no exterior envolve não apenas a conclusão do curso, mas também o planejamento de longo prazo e o aproveitamento das oportunidades que surgem durante os estudos. Aqui estão caminhos práticos e estratégicos:
Estágios e Experiência Profissional
Programas de Estágio Obrigatório: Instituições como a University of Melbourne e a ENSP em Versalhes exigem estágios supervisionados como parte do currículo, conectando os alunos diretamente com empresas, escritórios e projetos reais.
Estágios em Parcerias Universitárias: Grandes universidades mantêm acordos com empresas líderes do setor. Por exemplo, estudantes da Bartlett School of Architecture frequentemente colaboram com escritórios de renome como Zaha Hadid Architects em projetos experimentais.
Certificações e Registro Profissional
Credenciamento Internacional: Muitos países exigem registro profissional em conselhos específicos para que o arquiteto ou paisagista possa atuar. Um exemplo é o Landscape Institute no Reino Unido. Pesquisar e entender essas exigências durante os estudos pode agilizar sua entrada no mercado.
Certificados Adicionais: Cursos complementares durante o período acadêmico, como certificações em ferramentas tecnológicas (GIS, BIM) ou técnicas avançadas de design, são altamente valorizados.
Networking Estratégico
Eventos e Conferências: Participar de feiras como o World Architecture Festival ou encontros internacionais organizados pelas universidades é uma forma de conhecer líderes do setor e descobrir oportunidades de trabalho.
Projetos Colaborativos: Muitas instituições incentivam que os alunos apresentem seus projetos de pesquisa em seminários locais e internacionais, aumentando a visibilidade de seus talentos.
Mercado de Trabalho Pós-Graduação
Trabalhos Temporários para Vistos: Alguns países, como Austrália e Canadá, permitem que estudantes internacionais permaneçam no país com vistos de trabalho temporário após a graduação. Isso facilita a entrada no mercado e gera experiência prática relevante.
Demanda Global em Sustentabilidade: Formações focadas em design sustentável, como as oferecidas na TU Delft ou na Harvard GSD, estão em alta demanda em setores públicos e privados ao redor do mundo.
Conclusão
Estudar no exterior é uma experiência que com certeza vai ampliar suas perspectivas, te conectar com outras culturas e agregar muito aos seus conhecimentos técnicos por te permitir explorar novas maneiras de criar, pensar e se relacionar com os espaços e as pessoas.
É um processo que exige coragem, planejamento e determinação, mas que, ao final, sempre recompensa com crescimento pessoal e profissional. As pessoas que eu conheço que trilharam esse caminho, não se arrependem! Pode ter certeza que, ao voltar, você terá um outro nível de perspectivas de carreira – seja no Brasil ou mesmo lá, no exterior.