Nova Iorque é frequentemente associada a seus elevados arranha-céus, mas seus incrivelmente diversos espaços verdes têm um papel fundamental na vida dos residentes e turistas, com parques tão icônicos que chegam a ser famosos mundialmente.
Esses oásis oferecem refúgio e expressão cultural em meio à energia urbana. O mais óbvio, Central Park, atrai milhares de pessoas todos os anos, especialmente por ser tão retratado em inúmeros filmes e séries norte-americanos. Mas outras áreas verdes vem se destacando na paisagem novaiorquina e nós vamos explorá-las nesse artigo. Será que você já ouviu falar em todas elas?
Montei um roteiro de três dias – com sugestões de bairros para se hospedar – e agora convido você a embarcar em um roteiro de três dias pelos parques e jardins que definem e moldam a paisagem dessa cidade marcante.
Se você também está buscando um roteiro para visitar os principais pontos arquitetônicos da cidade, aguarde, pois já estou produzindo um artigo explorando esse assunto e postarei em breve por aqui!
Dia 1: Desvendando o Central Park e Seus Tesouros
Um Dia Inteiro Nesse Paraíso Urbano em Meio ao Concreto
Logo de cara podemos observar que o Central Park não é apenas um dos parques mais famosos do mundo; ele é uma obra-prima do design paisagístico. Criado por Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux em meados do século XIX, o parque é um verdadeiro testamento à ideia de que uma cidade precisa de mais do que apenas edifícios para cultivar uma cultura rica e diversificada.
Antes de prosseguirmos, lembre-se: o paisagismo vai muito além do projeto de vegetação. Estamos falando sobre projetos de áreas verdes, portanto, a arquitetura também importa e não posso deixar de falar dela e alguns momentos!
A ideia do projeto, fruto de um concurso lançado na década de 1850, era trazer um ar de campo a um meio urbano que se encontrava em ritmo acelerado de crescimento. Por esse motivo, o projeto não somente evitou o uso de simetria, mas também abusou do uso de formas orgânicas, lagos, pontes, bosques e gramados em áreas que fossem diferentes entre si, criando paisagens com características distintas, que se transformam lentamente conforme as pessoas passeiam pelas sinuosas ruas internas, aumentando as experiências sensoriais e o poder atrativo do local.
Outro ponto alto desse projeto é a formação de áreas de encontro. Sobre esse assunto, podemos destacar o icônico Terraço Bethesda, localizado no coração do Central Park, que se tornou um ponto de encontro cultural e social. É um local animado de performances artísticas e eventos especiais. Debaixo do terraço, a iluminação dourada e sua acústica natural fazem deste um lugar popular para músicos e artistas.
Continuando o passeio, atravessamos a Bow Bridge, uma ponte delicadamente arqueada que oferece uma visão esplêndida do lago. Essa ponte é um marco arquitetônico não apenas pela sua beleza visual singular, mas também por seu simbolismo romântico, muitas vezes retratado em filmes e séries.
No Conservatory Garden, descubra um refúgio de paz meticulosamente mantido. Cada um dos três segmentos possui um caráter distinto: o jardim francês, simétrico e ornamental; o italiano, com seus canteiros formais e fontes; e o inglês, mais caprichoso e casual. É fácil imaginar-se em um pequeno parêntese europeu aqui, afastado do burburinho incessante de Manhattan.
Finalizando o dia, sugiro dirigir-se ao The Met Cloisters, que desafia o comum ao oferecer uma experiência de imersão na arte e arquitetura medievais. Situado no belo Fort Tryon Park, Met Cloisters abriga coleções de arte medieval europeia e seus jardins históricos, refletindo o design monástico.
Por fim, durante todo o passeio tenha em mente que essa região era um pântano e o trabalho e a quantidade de materiais utilizados para aterrá-lo foi absurda! Ainda assim, o Central Park consegue proporcionar grandes benefícios ecológicos e ambientais. São mais de 18.000 árvores que refrescam e limpam o ar. Além disso, essa considerável área verde, extremamente contrastante com os prédios que a rodeiam, serve de moradia e ponto de refúgio para a vida selvagem, incluindo mais de 200 espécies de pássaros migratórios que atravessam o Atlântico e encontram ali um ponto de apoio para quando precisam.
Sugestão de Hospedagem Próxima ao Central Park
Para uma experiência completa, considere hospedar-se no Upper West Side ou Upper East Side. Essas áreas não apenas oferecem proximidade ao Central Park, mas também proporcionam uma encantadora vista para a arquitetura histórica de Nova Iorque, além de estarem repletas de cafés e restaurantes charmosos.
Dia 2: Desbravando o Brooklyn Verde
Jardim Botânico do Brooklyn e Prospect Park: O Encontro da Botânica com o Design Urbano
Confesso que não conhecia até recentemente, mas o charmoso Jardim Botânico do Brooklyn, projeto de Olmsted Brothers, representa um microcosmo de maravilhas botânicas, onde cada estação oferece um espetáculo próprio – ou seja, se puder, recomendo que o visite em cada estação do ano!
A entrada triunfante pelo Jardim Japonês, com suas cerejeiras e lago sereno, remete ao zen budista. Passeie pelo Jardim de Rosas em plena floração na primavera, uma experiência sensorial que transformará sua percepção sobre cor e fragrância.
As estufas abrigam climas tropicais e desertos misteriosos, cada uma cheia de vida adaptada a seus ambientes únicos. O educacional Discovery Garden é um convite às crianças (e aos jovens de espírito) a explorar e aprender sobre o reino vegetal.
Não deixe, também, de visitar a área de jardim de magnólias, uma das minhas árvores favoritas desse Jardim Botânico, além das cerejeiras.
Prospect Park, com sua extensão de 585 acres (bem maior que o vizinho do outro lado da avenia), é a continuidade do projeto de Olmsted e Vaux — um espaço onde a natureza e o lazer se encontram.
Aqui, a vastidão do Long Meadow oferece um espaço aberto perfeito para jogos e piqueniques. Já na Ravine, o foco é a natureza intocada, com trilhas que serpenteiam entre cachoeiras e vegetação exuberante, tornando-se um refúgio para os amantes de trilhas leves.
Os arredores de Prospect Park são um convite para explorar bairros únicos como Williamsburg e Dumbo. Williamsburg, conhecida por sua mistura eclética de arte e cultura, utilizando galerias, murais de diversos artistas (incluindo o Kobra) e um cenário de restaurantes que celebra a cozinha global.
Hospedagem Aconchegante no Brooklyn
Considere se hospedar em Brooklyn Heights ou Park Slope, onde a arquitetura historicista e charme de bairro pequeno proporcionam uma atmosfera única e acolhedora. Essas áreas não só têm fácil acesso aos parques, mas também oferecem uma visão encantadora do cotidiano nova-iorquino.
Dia 3: Refúgios Urbanos em Chelsea e Harlem
High Line: Arquitetura Paisagística Inovadora
Reinventar o uso de estruturas urbanas é uma marca registrada nova-iorquina e a High Line é o exemplo perfeito disso: uma antiga linha férrea elevada transformada em um parque linear, serpenteando por Chelsea. Caminhar pela High Line oferece uma perspectiva diferente sobre a cidade, com jardins naturalistas que mesclam flora nativa com instalações artísticas.
Cada seção da High Line é uma fusão de natureza e criatividade, integrando o projeto de vegetação à desenhos de piso e bancos em formatos inesperados. As vistas proporcionadas pelo parque incluem ângulos inéditos de edifícios icônicos e dos nova-iorquinos andando apressadamente logo abaixo.
Os escritórios e profissionais responsáveis pelo conjunto de projetos foram Corner Field Operations, Diller Scofidio + Renfro e Piet Oudolf (mestre em jardins naturalistas e resilientes).
Descendo da High Line, o Chelsea Market se transforma em um paraíso gastronômico, com suas ofertas que vão de pratos artesanais a iguarias internacionais. Aqui, há uma sinergia entre cultura alimentar e espaço urbano. Explore as lojas internas e, para um verdadeiro sabor de Nova Iorque, experimente a variedade de opções localizadas em uma só visita.
Há poucos minutos de caminhada está um dos mais recentes projetos da cidade, a Little Island, inaugurada em 2021. Essa obra de arte flutuante está localizada no Hudson River Park e é acessível por duas pontes peatonais na base da West 13th Street. O parque se destaca não apenas por seu visual extraordinário, mas também por sua concepção engenhosa.
O projeto é de autoria do renomado escritório de arquitetura Heatherwick Studio, em colaboração com o paisagista Mathews Nielsen. O design se assemelha a uma folha apoiada em estacas, que na verdade são suportes de concreto em forma de tulipa que emergem do rio Hudson, criando um efeito visual impressionante de leveza e fluidez.
Essa ilha artificial oferece mais de oito mil metros quadrados de lazer, distribuídos entre jardins, trilhas, gramados e um anfiteatro para performances ao ar livre. São mais de 350 espécies de flores, árvores e arbustos, variando de acordo com as estações para oferecer uma experiência sempre renovada.
Explorando as Tradições de Harlem
Encerramos essa viagem com um passeio por Harlem, mais precisamente no Harlem Meer, uma extensão tranquila de água localizada na seção norte do Central Park (sim, voltamos ao ponto de início para uma despedida clássica e marcante). Conhecida por sua pesca recreativa e por ser um habitat natural de diversas aves, essa área oferece uma interação mais próxima com a natureza.
Explore a área culturalmente rica de Harlem, envolvida por música e história. Os famosos clubes de jazz, como o Apollo Theater, perpetuam uma cena musical pulsante, enquanto os restaurantes locais celebram tradições culinárias afro-americanas e caribenhas.
Onde Ficar Próximo ao High Line
Hospedar-se em Chelsea coloca você no coração da cidade, próximo de suas experiências culturais e gastronômicas, atividades noturnas e galerias de arte. Para uma imersão histórica, Harlem oferece uma oportunidade insuperável de convivência com uma comunidade rica em tradição e história.
Considerações Finais
Sua experiência em Nova Iorque pode ser tanto de agito quanto de repouso e relaxamento entre sombras de árvores, notas musicais que dançam ao vento e a estrutura harmoniosa entre o velho e o novo. Experimente essa simbiose de natureza e urbanidade que define não só o espaço físico da cidade, mas sua verdadeira essência.
A cada parque que se encontra (existem muitos mais), a cada trilha percorrida, abra-se à oportunidade de deixar não apenas o concreto para trás, mas de descobrir uma cidade que valoriza igualmente a cultura preservação, memória e inovação.
Nova Iorque aguarda sua visita, pronta para oferecer seus encantos verdes disfarçados sob o manto metropolitano, revelando-se, para todos que buscam, um oásis de verde no turbilhão mais extraordinário do mundo.